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Fernando de Noronha: um sonho possível

Foto autoral. Morro Dois Irmãos, na Baía dos Porcos, visto de um mirante

Iniciando a tratar do tema "viagens" por aqui com uma viagem super especial que acabei de fazer. Fernando de Noronha costuma ser um sonho para todos os brasileiros e eu não acreditava que seria um destino possível para mim, para minha família, para minha mãe, mas foi!

Começarei falando de gastos, o tópico que mais assusta. Não há como fugir das taxas obrigatórias: a TPA (Taxa de Preservação Ambiental), paga diariamente e que está custando R$92,89 por diária, e o Ingresso do Parque Nacional Marinho que está custando R$179,00 para brasileiros, dá acesso às principais praias e tem validade de 10 dias. Ou seja, só de taxas são mais de R$600,00, pagas em cartão de crédito antecipadamente, para uma estadia de 5 diárias, o número recomendado e o que escolhi.

Associe esses valores com passagens de avião (que estão caras para qualquer lugar, mas que encontrei com valores razoáveis e cujo valor foi decisivo para a escolha desse destino) e hospedagem (uma média de R$400,00 - 500,00 para duas pessoas em hospedagem sem café da manhã, mas com cozinha coletiva - algo que percebi ser comum por lá!). 

Outra coisa que pesa financeiramente na viagem é comida. Restaurantes são realmente caros, por isso a hospedagem com cozinha faz toda a diferença por permitir lanches e até refeições mais em conta. Algumas coisas foram levadas na bagagem, por recomendação de outros viajantes, mas já alerto que apesar de ser interessante levar comidinhas compradas mais baratas em sua cidade, como barrinhas de cereal, castanhas e outros lanches para passeios, além de alguma comida muito específica que você goste e que esteja com valor alto (leite em pó, no meu caso), discordo que pagar por uma mala cheia de comidas e bebidas seja vantajoso; o valor é mais alto, mas é possível ajustar as escolhas. Refrigerantes, por exemplo, tinham valor similar aos da minha cidade. O que não foi possível fugir é o valor da água: R$10,00 por um 1,5l ou R$30,00 por 5l. Considerando a essencialidade da água, clima quente e passeios com longas caminhadas, financeiramente foi o que mais pesou em compras. Outras coisas, como sorvete, picolé, água de coco eram caras, mas é possível ficar sem. Na vila, a água de coco custava R$25,00!
Apesar de restaurantes cobrarem em média R$200,00 por prato para duas pessoas, era possível encontrar marmitas ou PFs por R$30,00 a R$40,00 por pessoa.

Foto autoral. Golfinho saltando no mar.

Falarei agora de passeios. Segui a recomendação básica de passeios e fechei o combo Ilha Tour + Passeio de Barco tradicional por R$400,00. Fiz o Ilha Tour logo no dia seguinte à chegada, iniciando de manhã e finalizando no pôr-do-sol, para ter uma visão geral da ilha, me localizar melhor e decidir os locais que visitaria por conta própria. O passeio proporcionou paisagens lindas, muitas fotos, caminhada e duas paradas para banho de mar.
Dois dias depois, no passeio de barco, apenas pela manhã, vi as ilhas menores que compõem o arquipélago, tive acesso a informações históricas, uma parada para snorkeling e o ponto alto foi avistar os golfinhos. 

Por conta própria, visitei as praias mais próximas à Vila dos Remédios, onde fiquei hospedada - Praia do Cachorro, Praia do Meio e Praia da Conceição - e a Praia do Porto, super tranquila e onde nadei com uma tartaruga. As demais praias também são acessíveis sem guia, destaco a Praia do Leão (ótima, mas fiquei com medo de retornar devido à possibilidade de encontrar tubarões de uma espécie agressiva), a Praia do Sancho (que não retornei porque o mar não estava muito favorável para banho), a Baía dos Porcos (acessível apenas em horários limitados, com limitação de quantidade de pessoas e colocação obrigatória de um capacete devido ao risco de queda de pedras) e a Praia do Sueste (atualmente fechada devido ao risco de ataque de tubarão).
Em algumas dessas praias é obrigatório apresentar o cartão que comprova o pagamento do Ingresso de acesso ao Parque Nacional Marinho e é disso que tratarei agora. Logo no dia de chegada, no sábado à tarde, fomos até a sede do ICMBio para trocar o voucher impresso pelo cartão e ter acesso ao agendamento de trilhas. A distribuição de senha começa às 15:30, somente presencial, mas algumas pessoas já chegam antes e se organizam em filas. Às 16h começa uma palestra sobre as trilhas, às 16:30 começa o agendamento e aí me deparei com algo inesperado: as trilhas acabam muito rápido e só consegui agendar para 4 dias depois, ou seja, um dia antes de viajar, a minha última oportunidade. Escolhi a Trilha do Atalaia para visitar uma piscina natural, uma trilha curta e de grande beleza e, por isso, concorrida, além de não ser necessário guia pago por fora. Havia também a Trilha do Abreu, sem necessidade de guia, porém um pouco mais difícil, mas disponível apenas no mesmo dia e horário da Atalaia.
As demais trilhas, necessitam de agendamento e também de contratação de guia (Atalaia + Pontinha Caieira com outras piscinas naturais; Morro São José que além de caminhada incluía uma travessia de natação; e Capim Açu, a mais longa e difícil e apenas para contemplação de paisagem - essa última, sempre com vagas sobrando😏).
Além da vida marinha espetacular, os pássaros do arquipélago são um espetáculo à parte, principalmente quando dão um salto no mar para comer peixinhos e sobrevoam as ondas.

Foto Autoral. Pôr-do-sol visto do Forte Nossa Senhora dos Remédios

Por fim, quero registrar também a visita ao Forte Nossa Senhora dos Remédios, recentemente reformado, tem uma vista linda para o arquipélago, belo pôr-do-sol e acesso gratuito (por enquanto, pois em visita ao site é possível se perceber que em breve haverá cobrança de ingresso). Fala-se também em um museu, porém não estava funcionando, apesar de ser possível ver uma exposição e a estrutura do Forte. No mais, a Vila dos Remédios, apesar de muito famosa e estar no meu imaginário como um local super badalado, é bastante simples e conta com poucos restaurantes, mas é agradável e tranquila. 

Os passeios escolhidos valeram muito a pena e os equipamentos de mergulho são alugados por valores razoáveis. Os deslocamentos podem ser feito de ônibus em trechos centrais (com passagem por R$5,00) ou táxi, com valores razoáveis para dividir por grupo, e é comum o aluguel de buggy, mas considerei que o custo não seria vantajoso. No geral, a viagem foi ótima, Fernando de Noronha me proporcionou vistas incríveis e memórias inesquecíveis.


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