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Paixão tardia por livros YA e resenha de "Quinze Dias"

Há alguns anos passei a me encantar pela leitura de livros do chamado gênero Young Adult (YA). Essa paixão foi uma descoberta tardia (existe isso?) já que durante a minha adolescência eu costumava ler apenas clássicos. Esses livros me aquecem o coração, me divertem muito ao mesmo tempo em que discutem temáticas que eu acho super relevantes para o meu eu atual e também para minhas reflexões sobre o passado.

Essa minha paixão atual por livros YA também atribuo à presença de escritoras e escritores maravilhosos (e bastante jovens) que trazem uma literatura com muita representatividade, abordagem bastante responsável de temas sensíveis e qualidade no texto algo que, acredito, não existia tanto anteriormente, afinal as editoras não se abriam tanto a jovens escritores e não havia a facilidade dos livros independentes.

É nessa leva de novos escritores que se encaixa o Vitor Martins, escritor carioca de 32 anos, que li pela primeira vez recentemente. Depois do sucesso desse que é o seu primeiro livro, publicado em 2017, ele tem feito bastante sucesso e já publicou outros livros que sempre aparecem por aí.

"Quinze Dias" conta a história de Felipe e seus quinze dias de férias durante o mês de julho (fato aleatório: sabia que aqui no Nordeste nossas férias de meio de ano são em junho, junto com o São João? Sempre acho estranho falar das férias de julho...). Felipe é um garoto gordo e gay, bastante divertido, que vive com a sua mãe, e sofre gordofobia na escola, o que o faz não interagir com outros adolescentes.


Para a sua surpresa, Caio, um vizinho de apartamento da mesma idade, e com quem ele costumava brincar na infância, mas com quem não interage mais, vai passar os quinze dias de férias em sua casa devido a uma viagem dos pais. Caio é considerado por Felipe um garoto "perfeito", bonito e magro, por quem ele tem um crush. Durante os dias que se seguem, Felipe e Caio, que também é gay, começam a conversar aos poucos e vão se redescobrindo ao terem a oportunidade de, simplesmente, ser quem eles realmente são.

Para além deles, "Quinze dias" também apresenta Beca e Melissa, um casal lésbico que também vai nos lembrar como cada um de nós lida com as suas próprias questões ainda que, aos olhos dos outros, a nossa vida pareça "perfeita", mas, especialmente na adolescência, quase todo mundo pode ser alvo de bullying e preconceito já que sempre é possível encontrar diferenças nas pessoas.  Assim, o livro vai discutir gordofobia, questões de gênero, racismo, bullying, preconceito e questões familiares e de amizade, cheio de representatividade do jeitinho que eu gosto.


ac
Livro: "Quinze Dias", de Vitor Martins 
Edição: Alt (2017) - 208 páginas
Lido no app Skeelo
Nota: ⭐⭐⭐⭐


E você, independente da idade, gosta de livros YA? O que achou do livro?

 

Comentários

  1. Oi! Sim, desde sempre YA esteve nas minhas leituras e adoro a forma como essas histórias ainda conseguem mexer comigo na idade adulta. Inclusive um dos livros que estou lendo atualmente é desse gênero e está sendo bem nostálgico em muitos momentos. Do Vitor nunca li nada, mas ainda pretendo conferir. Bjos!!
    Moonlight Books

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  2. Oi! 😊 É incrível como os livros Young Adult (YA) conseguem abordar temáticas relevantes de uma maneira tão envolvente. Em relação ao "Quinze Dias" de Vitor Martins fico feliz de saber que jovens autores estão a trazer uma nova perspectiva para a literatura.

    Obrigado por partilhar a sua experiência! 🤗

    ResponderExcluir
  3. Oi! Eu curto muito leituras para jovens. Ainda mais por trabalhar em uma Biblioteca Infantil e Juvenil. Infelizmente, para comprarmos livros YA costuma ser difícil, por questões de orçamento, principalmente. Porém, já compramos alguns títulos muito bons nesse nicho literário. Como escritor, tenho muita vontade de escrever YA, mas infelizmente, com meu ingresso nos 40, sinto-me cada vez menos adequado para escrever para jovens. Mas talvez isso seja bobeira da minha parte.
    Sobre o livro, achei sua resenha bem concisa e direta. Fiquei com bastante vontade de ler o livro. Tanta coisa pra ler ultimamente! Eu leio no trabalho e tento ler em casa, também, mas nem sempre consigo. Como você faz para organizar suas leituras? Abraço!

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  4. Eu leio YA há muitos anos rsrs, acho muito gostosinho de ler.
    Esse livro eu vi sobre ele pelo twitter, mas não li.
    Beijos!
    https://www.pamlepletier.com/

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  5. Nunca li obras YA, mas devem ser legais de acompanhar.
    big beijos
    www.luluonthesky.com

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  6. Menina, eu gosto deste tipo de livro, mas faz tempo que não leio.
    Quero terminar a coleção de Agatha Christie.
    Mas acho que eles falam de temas que são bem
    atuais e que precisam ser debatidos e normalizados.
    beijos!

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  7. Entendo esse sentimento, Giovana. Como não costuma ler esses livros antes, para mim ainda tem a sensação de novidade. Realmente, a depender da narrativa, pode ser pouco empolgada a rotina de pessoas de idades diferentes da nossa, mas quando a temática me empolga, consigo me conectar e a leitura flui muito bem.

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  8. Oi! Eu passei por essa fase "tardia" de YA uns anos atrás. Li muita coisa na época, e é exatamente como você disse. Apesar da criatividade e tal, raros eram os livros com temas importantes e representatividade igual temos hoje. Por hora eu não tenho tido vontade para ler o gênero não, estou num romance com os romances policiais e os fofos com protagonistas um pouco mais velhos, +35 de preferência. Mas, quem sabe um dia essa fase não volte? Gostei da premissa desse livro.

    Até breve;
    Helaina (Escritora || Blogueira)
    https://hipercriativa.blogspot.com
    https://universo-invisivel.blogspot.com

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  9. Olá,
    Eu tenho uns e-books dele no Skeelo, preciso tirar um tempinho pra conhecer.
    Apesar de já ter passado dos 30, eu ainda curto ler YAs, principalmente os coming of age.

    até mais,
    Canto Cultzíneo

    ResponderExcluir
  10. Eu gosto, curto esse tipo de leitura e comprei vários assim para mim, e achei bem interessante a sua resenha e indicação

    Beijos
    www.pimentadeacucar.com

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  11. Oie!
    Eu gostava mais de YA, estou numa fase que prefiro livros com problemáticas mais adultas, sabe? Mas conheço o Vitor Martins, ele é um fofo!
    beeeijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com/

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